sexta-feira, 27 de maio de 2011

NATAL VERDADEIRO

by Nadja Goes.Axcar

 Muito nariz colado nas vitrines...olhos compridos, 
os olhos no presente tão esperado e sempre tão remoto.
Nas calças velhas dos brasileiros moedas de um centavo que assim douradas cheiram à ouro de tolo.

Nos balcões de emprego um montão de curriculos esquecidos, empoeirados
e inúteis...esperam um não sei o que e não sei quando...
na rua o rapaz daquela tabuleta que suplica por trabalho, a qualquer preço.
Nos açougues, uma porção de bois encalhados e dependurados qual enfeites de natal.

Na padaria panetone de um e noventa e nove, mas ninguém tem nem ao menos um;
papais noéis perdendo as barbas pelas mãos das criancinhas raivosas com seus rostinhos magros desnutridos.

Os amigos, cada vez mais secretos nunca mais aparecem...mas é NATAL VERDADEIRO diz o
letreiro do shopping center (ps. Sem verde e sem neve...tudo azul)


MONÇÃO (DO ÁRABE MAUSIM)

by Nadja Goes.Axcar


INCENSO

by Nadja Goes.Axcar



ESPECIAL PROCURA
DO AROMA CERTO
NAS CORES ROSA OU PRETO
FUMACINHA EM GRAVETOS

DATAS ESPECIAIS
OU TESTE
CURA
NEVOEIRO CASEIRO
FOG BRASILEIRO

DO ACONCHEGO O CHAMEGO
FUMACINHA EM DIA DE SOSSEGO
CAMINHO DO EU INTERIOR

CÍLIOS TRANCADOS
INÉRCIA 
MEDITAÇÃO

BAFORADAS DE AMORES QUE LÁ SE VÃO
ESCOLHA DO RECEPTÁCULO DESEJADO
LATÃO
PEDRA SABÃO
OU MESMO UM POTE TRINCADO

RITO 
 PREPARAÇÃO
CONCENTRAÇÃO

CERIMONIAL DO CHÁ
ORIENTE
AFUNGENTAR MAUS PENSAMENTOS

PAUSA

SILÊNCIO

                  INCENSO
INCENSO
                                                          INCENSO

                                                                                                                                            INC

Gaivota

by Nadja Goes.Axcar
 Tu porteira de peróba que range ao caminhar
árvore enraizada sem preconceitos
eucalipto perfumado de beira de estrada
farol que ilumina naus perdidas ao largo
mar tranquilo que provoca poemas
e se raivoso é um desencadear de estupendas emoções

Fonte permanente de carinho e de amizade
Netuno de meu oceano
bússola das minhas tardes
quando  vago sem rumo
Mão que afaga e protege
benfazejo vento que liberta a gaivota que 
em mim habita

Por ti soam alto os carrilhões de minh'alma
Nada me acalma
a não ser o mantra precioso
tua voz

Aspirante

by Nadja Goes.Axcar


Punhado
de
pelos
novelos
beges
eretos
ora
discretos
topete
olhos
de
botão
farejante
focinho
aspirante 
de
farelos
caçador
de
chinelos
comedor
de
elásticos
fantástico
amigo
peluda
pessoa
que
mesmo
não
sendo
gente
é
ANIMAL

Roberto Rayel (guarda trem)

by Nadja Goes.Axcar


Madrugada na estação,
bancos cheirando à Maria Fumaça.
Apito breve, outro mais longo,
trem que chega...trem que sai,
trem que chega, trem que sai.

Agora vem forte o trem aquele
o da locomotiva vermelha,
nem há mais centelha...
fica no ar um som forte
de máquina moderna, e vai...
outro vem, outro sai, outro vem e vai.

Vai-se embora a primeira fumaça,
passa. A mais forte vem e o trem
e o guarda trem, chapéu na mão,
ele tem saudade...vai o guarda,
 fecha-se a cancela para nunca mais!

quinta-feira, 26 de maio de 2011

ÚLTIMA LINHA

by Nadja Goes.Axcar
Eu sou o que
sinto, ouço, vejo
e penetro.

Sou amanhecer, o sol,
noite escura de boitatá,
estrelas e lua de bruxa
e ausência de tudo isso.

Areia quente,
água gelada,
pirata, procissão de beata.

Barco ao largo,
o fogo de santelmo,
pai, mãe,
filhos,
parentes.

Conversas com meu umbigo,
cantos, danças...
e prossigo,
sem saber direito
prá onde.

Sou
dor
emoção
amor
torpor
tolerância

Morango brasileiro
em chantilly estrangeiro.

Embalos de barca furada, 
sobressalto,
mãos para o alto
em vez de entorno de...

Fogos de artifício,
flores, camafeu,
amante à moda antiga,
guardados...
virtudes
debaixo dos panos.
compras à prestação,
rua êrma...
coração aos pulos
e fuga.

Vontade de colo, 
apêrto,
ébria que se diz sóbria,
caleidoscópio,
deslumbramento em cacos.

Sonhos eternos
ternos que são.

Segredos bons,
presentes de gregos,
escritos, reação.

Fiapos de carinho, 
migalhas por afeto,
desejos tão simples,
paçoca, flor roubada, 
passeio à pé,
canções  de roda...vitrine.

Gelo seco
fingindo bruma,
banho de espuma
no tanque do quintal,
cirquinho, 
ingressos são palitos,
bailarina de crepon.

Papel rasgado,
bom dia senhorinha,
incríveis lembranças,
em cara de adulto
mas alma de criança...
na última linha todinha de você!

AH! As pessoas...

by Nadja Goes.Axcar

Ah! As pessoas que amo
um dia vão-se embora,
prá longe,
prá casa,
pro céu.

Ah! As saudades que deixam
as pessoas que amo,
embargam-me a voz,
cercam-me de fotos...
atam-me as pernas...

Ah! As pessoas de quem eu gosto
se me escrevem...
são frases lindas,
poemas novidades
que me enviam em atrativos envelopes.

Ah! Essas pessoas
e suas saudades,
na imensidão de cima
azul e branca
embalada por música clássica
de Debussy ou Shankar.

Ah!Queridas gentes
que ausentes,
são vozes atravessando o fio
lágrimas de um rio,
batidas fortes de um coração,
dor...separação.

Ah! As pessoas que amo
se caem tristes,
debruçam sobre a'lma
e o véu da tarde morrendo,
cobre suas faces e o peito
que me despedaço,
por descobrir a causa de terrivel efeito.

Espanto

by Nadja Goes.Axcar



Onda que enrola o espanto,
e ribombando arrasta arenque.
Hora do sol que morre...
acalanto.

Maresia, céu que ruge
tingindo beiradas que circundam
o mar!

Canto, pescador, simples cantar...
beleza que se alguém não vê...
finge.

Mal-me-quer

by nadja Goes.Axcar


Mal-me-quer
bem me quer
será que me quer mal
será que mal-me-quer?

Será que mal me quer e
já fica com medo de me querer?
Será o seu querer mal
se bem que me queiras?

Que me queiras bem
ou me queiras mal

QUE ME QUEIRAS!

She

by Nadja Goes.Axcar


Medito
contrita
envolta
em cor
branca
qual Spanka
mulher
que admiro


ereta
correta
pernas
entrelaçadas
suporte
de tecido
sobre ladrilho
sobrenome de
um amigo

janela aberta
mar desperto
coração volátil
música ambiente
coerente
aos anseios de extrair os ranços e repor a paz

Avanço de aromas
pensamento
paixão

Meios sorrisos
e alegria
pelo livre-arbítrio
concentração

Tarde confortável
aragem
cheiro de verde
grama
consciência de que alguém me ama
NIRVANA

Mãe

by Nadja Goes.Axcar

Bebezinho sorridente,
pede espaço e atenção.
que mamãe bem previdente,
guarda lá no coração.

Thiago

by Nadja Goes.Axcar

Giz azul
giz branco
tinta amarela
cara de panela
jogos de montar
sacos de brinquedos
colherinha torta
corrida maluca
professora esbaforida
testa franzida
pensamento
desenhado

Suspiro

by Nadja Goes.Axcar 

Três colheres de açúcar sobre claras bem batidas,
baloiçar de rede na calma de fim de tarde...
aguçar ouvidos, relaxar sobre tapete,
possuir um vizinho que solfeja num trompete.

Apertar junto ao peito certa fotografia,
reler aqueles erros na monografia...
ouvir atentamente as confissões de mulher,
raspar solitária o doce, raspadas de colher.

Dizer trinta e três temerosa pelo doutor,
escrever uma carta, notícias de amor,
resfolegar de um corpo...um cheiro bom!
Marcar minha poesia, marcas de batom.

Permanecer ouvido atento
às batidas do seu coração...silente rezar.
Virar a mesa, mudar o jogo,
mostrar ao mundo que mesmo pequeno...meu suspiro é fogo!