Muito nariz colado nas vitrines...olhos compridos,
os olhos no presente tão esperado e sempre tão remoto.
Nas calças velhas dos brasileiros moedas de um centavo que assim douradas cheiram à ouro de tolo.
Nos balcões de emprego um montão de curriculos esquecidos, empoeirados
e inúteis...esperam um não sei o que e não sei quando...
na rua o rapaz daquela tabuleta que suplica por trabalho, a qualquer preço.
Nos açougues, uma porção de bois encalhados e dependurados qual enfeites de natal.
Na padaria panetone de um e noventa e nove, mas ninguém tem nem ao menos um;
papais noéis perdendo as barbas pelas mãos das criancinhas raivosas com seus rostinhos magros desnutridos.
Os amigos, cada vez mais secretos nunca mais aparecem...mas é NATAL VERDADEIRO diz o
letreiro do shopping center (ps. Sem verde e sem neve...tudo azul)